O papel não é só detalhe na sua HQ!
Esse é um texto que eu queria escrever desde antes de começar essa série de textos semanais, tanto que criei um post com este título e deixei nos rascunhos do site para desenvolver futuramente. E foi bem pro futuro mesmo, porque isso já faz uns bons muitos meses.
Meu objetivo não é dar valores e porcentagens fixas, porque isso tende a deixar o texto datado muito rápido e principalmente também porque não estou com paciência para coletar esses dados. A ideia do texto é trazer uma discussão sobre a escolha do tipo de papel para uma HQ independente e levando em consideração alguns dos fatores associados.
Quando se decide que quer imprimir um trabalho pela primeira vez, seja em pequena ou grande quantidade, pode ser por uma série de motivos. Seja por querer divulgar seu trabalho e aumentar o público, seja para entregar ao público que já o acompanha um material físico, sempre existe um objetivo por trás. No meu caso, quando imprimi minha coletânea do Pedreiro, foi um momento em que eu estava querendo tentar um espaço nas HQs independentes e apostei no meu personagem mais popular. Não pesquisei muito nem tive ninguém para me ajudar nesse sentido, portanto mais um motivo para escrever sobre.
Quando falamos em imprimir material em gráficas temos que decidir o tipo de papel, onde os mais clássicos são “couché” e “offset”. O couché é aquele papel que parece plastificado, geralmente mais brilhante (mas também disponível em acabamento fosco). Já o offset é similar ao papel sulfite que usamos na escola, na impressora, etc. O couché é basicamente um offset com tratamento químico, tendo uma camada de outro material aplicado por cima para dar esssas características diferenciadas, ou seja, pesa mais e é mais caro.
Para decidir qual dos dois utilizar, é sempre bom pesar uma série de perguntas e avaliar as respostas.
- O quanto a textura do papel é importante neste projeto?
- O quanto a vividez das cores é importante neste projeto?
- O quanto o peso final do livro vai ajudar ou atrapalhar nas suas vendas?
- O quanto o valor unitário do livro vai aumentar se usar couché e quanto isso pode influencias no valor percebido* do impresso?
- A quantidade de páginas e o peso vai funcionar com grampo/lombada ou vai precisar gastar mais ainda com um acabamento capa dura?
*Pretendo falar sobre valor percebido em breve também.
Acho lindo o acabamento de “Eu Mato Gigantes” (New Pop, 2013), em preto e branco e papel couché. Mas o livro só tem duzentas e poucas páginas, é pesadíssimo para seu tamanho, além de não ficar firme aberta e entortar muito as páginas quando se segura. Outras HQs como “O Soldador Subaquático” (Mino, 2016), que tem quase a mesma quantidade de páginas e não dá a impressão de ser tão pesada e mole, ou mesmo “Retalhos” (Quadrinhos na Cia, 2009), que tem centenas de páginas a mais que as anteriores, funcionam muito bem com o offset.
Agora se falarmos de HQs de super-heróis ou mesmo sci-fi, onde as cores têm uma ampla gama de variação, o couché valoriza o trabalho do colorista. É sempre questão de escolher um acabamento adequado.
Um amigo quadrinista uma vez comentou comigo que não conseguiu trazer mais de 50 edições de seu livro na mala porque o peso já chegava no limite para avião. O livro dele é relativamente pequeno, mas o peso do couché grosso que ele optou na hora de imprimir, em grande volume, causou um problema de logística. Já no meu caso, com o Pedreiro e o Tinta Fresca: Destino Traçado, feitos em offset, consigo levar muitas dezenas na mala sem grandes problemas.
O acabamento ficaria mais bonito em outro papel? Talvez. Mas como preciso carregar meus livros por aí, a questão do peso ganha importância.
Por hoje é isso, até a semana que vem!
PS: Já leu o texto da semana passada? Aqui o link!
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