Eu não lembro muito bem quando foi, mas foi em meados de 2011 que eu descobri os quadrinhos brasileiros fora da Turma da Mônica. Desde então, a minha coleção de quadrinhos é composta em sua grande maioria de títulos nacionais. No FIQ 2011 eu tive a oportunidade de conhecer muitos desses autores e comprar desde fanzines a grandes obras publicadas, tudo daqui.
Tem muita coisa a fazer análises críticas, muita coisa sobre a qual eu gostaria de escrever, muita coisa que eu já comprei e ainda vai chegar, mas vou focar aqui a estes três títulos que o meu irmão fez o grande favor de trazer do FestComix 2012 para mim neste domingo.
Nem Morto
Vamos começar pelo mais fácil. O Leonardo Finocci foi um desses caras que eu meio que conheci no Twitter, meio que em links de outros blogs. A gente já se viu e bateu um papo pessoalmente algumas vezes. No QuantaCon desse ano a gente conversou sobre lançamento de livros com conteúdo do site, ele sobre o dele, eu sobre o meu. Meses depois ele me confessou que estava com o livro do Nem Morto da manga. Guardei o segredo, mas fiquei segurando a ansiedade. Pois o livro é tudo e mais um pouco do que eu esperava!
As páginas desse primeiro volume (porque se não tivermos outros, será um apocalipse) são compostas por aventuras de meados de 2010 que estão no site do Nem Morto, caprichosamente organizadas para caberem nesse novo formatinho. Porém, pra quem nunca ouviu falar do site, o layout está tão natural que parece que as ilustras foram feitas originalmente para este livro. No final a gente encontra algumas tirinhas legais inéditas e então as ilustras tira-fôlego de Gustavo Duarte, Carlos Ruas, Mario Cau, Marcelo Braga, Eduardo Medeiros, Paulo Crubim, Leonardo Maciel e Vitor Cafaggi, cada um dando a sua visão desses personagens malucos do Finocci.
Se The Walking Dead é o quadrinho de drama zumbi definitivo, Nem Morto é o quadrinho de humor zumbi definitivo!
Magnetar
A primeira das Graphic MSPs que estão saindo pela Maurício de Sousa Produções, com o toque de Midas do Sidney Gusman, é um grande indício de que teremos muitos prêmios HQ Mix ano que vem para este selo. Para quem, como eu, não sabe muito do Astronauta do Maurício além do básico do básico, não senti necessidade de ser pré-informado sobre o personagem. A história guia o leitor pelo universo deste solitário profissional do espaço de forma muito competente.
Danilo Beyruth utiliza aqui alguns recursos que quem já leu a sua HQ vencedora Bando de Dois vai reconhecer rapidamente, mais um pouco do enlatado O Náufrago e até alguma coisa do clássico O Rei Leão (que posso ter só imaginado demais), mas isso não torna o livro uma repetição de fórmulas, muito pelo contrário! Mostra a versatilidade de um autor que achou o ponto da alegria, tensão e aventura que a história de um astronauta sozinho no espaço precisa ter para não ser simples nem complexa demais.
As cores da Cris Peter como sempre caindo como uma luva e os extras muito bem colocados no final mostram que em tudo que sai pela MSP ultimamente, capricho é o que não falta. Eu arrisco dizer que o Magnetar é o Daytripper do Beyruth.
Pestico Apresenta Volume 1
Eu tenho orgulho em dizer que ajudei esse livro a sair. Ajudei a divulgar, incentivar e inclusive a pagar a primeira edição deste produto do projeto colaborativo Petisco através do site Catarse.me. O livro possui 6 histórias que passeiam das tristezas e romances adolescentes pro humor despojado, mistério sobrenatural até o terror cinematográfico. Difícil analisar tudo superficialmente, então vou por história:
- Terapia: Mario Cau, Rob Gordon e Marina Kurcis trazem a história de uma personagem que já passou pelo quadrinho publicado na internet, agora aprofundando no que se passou dentro da garota naquele momento. A arte do Mario segue como sempre estupenda e emocional, misturando técnicas e provando que dá sim para variar e fazer bonito ao mesmo tempo. O ponto fraco dessa é o final que chegou abrupto demais, talvez porque estejamos acostumados com o que está no site, que sempre vem mais, e desta vez acaba tudo ali, obviamente, no fim.
- Nanquim Descartável: Gosto muito do desenho do Wanderson de Souza com o Omar, é limpo e bem expressivo sem querer parecer superior demais. É bom e ponto! Este quadrinho com roteiro do Daniel Esteves traz a história de uma garota que recebe a indesejada visita de um rapaz enquanto desenha na praça. Não dá para falar muito sem estragar o quadrinho. Um humor leve de narrativa natural.
- Macada Urbana: Vencys Lao traz aqui finalmente as páginas da história que prometeu no projeto Petisco há um ano atrás. E confesso que me supreendeu. A ação e o humor balanceados de uma forma que eu só estava acostumado a ver nos mangás, e talvez nem lá! Mas a história também pecou em algumas coisas. O excesso de personagens para poucas páginas fez com que vários deles não sejam devidamente apresentados, causando uma certa confusão no leitor ao ver essa Macacada bagunçando tudo.
- Nova Hélade: Eu tentei ler no site do Petisco as história do Nova Hélade lá publicadas, mas tinha muita coisa e acabei deixando para depois e por fim esqueci de acompanhar. Aqui no livro tive a oportunidade de petiscar o que o Cadu Simões e o Angelo Ron estão criando quando misturam mitologia e tecnologia. O roteiro do já vencedor de HQ Mix Cadu é de alta qualidade e ritmo característico e a arte do Angelo faz seu papel muito bem.
- Demétrius Dante: O que um lobisomem tem que fazer para se livrar de sua maldição? Will desenha esta história com roteiro do Felipe Meyer ora misturando manchetes, ora narração, traçando um quadrinho de rumo misterioso. Acho que o pior dessa história é ela ser tão curta. Poderíamos ter mais que 7 páginas de Dante aqui, com toda a certeza!
- Beladona: Ana Recalde e Denis Mello trazem mais um momento angustiante na vida dessa garota perseguida por fantasmas. A história totalmente sem diálogos acompanha a fuga da menina dessas assombrações por caminhos assustadores por si só. O conto de terror só perde um pouco o brilho pela ambição de grandes páginas do Denis, que acabou deixando algumas feridas a mostra na arte que pode incomodar os mais criteriosos.
Ficamos por aqui com a análise de hoje, pretendo fazer mais posts no estilo, então vamos ver o que vem por aí. Até!
Digo, valeu pelos comentários cara! Gostei do ponto a ponto para cada uma das nossas HQ’s. E valeu, é lógico, pelo apoio efetivo e financeiro ao nosso projeto. Grande abraço!
Grande Digo, valeu pela analise!
Tbm gostei do ponto a ponto para cada uma das nossas HQ’s. Curti a parte do Macacada bagunçando tudo ahaha
Valeu tbm pelo apoio a cultura. vc é foda! 😀
Abração
Olá digo, valeu pelos comentários e o apoio finaceiro ao projeto, só uma observação, na Nanquim Descartável, o desenho o meu, a arte final do Omar e roteiro do Daniel Esteves OK!
Grande abraço
Desculpe-me pela gafe, Wanderson, vou agora mesmo corrigir. Já era tarde quando eu fui revisar minha crítica, acabei derrapando em alguns trechos.
acho que faltou imagens, mas valeu o post, muito bom!
Eu até queria caprichar, scanear algumas coisas para exemplificar melhor, mas o tempo realmente não está muito amigo meu.
por nada vai me dizer que esta dormindo?