A última postagem da webcomic foi há meses e eu não dei nenhuma satisfação sobre o caso, então vamos lá.
Primeiramente gostaria de dizer que o Tinta Fresca é a maior história que eu já criei. Ela teria até implicações filosóficas se eu tivesse alguma formação na área ou mais conhecimento sobre (talvez eu até estude um pouco para melhorar os subtextos do roteiro, quem sabe). Só que o problema de inventar uma história deste tamanho nessa etapa da vida que estou é que isso é quase como que nadar contra a correnteza. Desde que comecei a escrever e desenhar e repensar esta história no finalzinho de 2013 (que não é nova, confesso, afinal pensei nela em 2012), eu passei por diversas evoluções. Comecei e terminei cursos, voltei treinar mais meu desenho, mudei conceitos pessoais, ferramentas de trabalho, cores, personagens, e estou até repensando o formato que vou publicar as páginas.
Claro que é normal que se evolua durante qualquer trabalho: até pessoas que desenham quadrinhos a mais tempo que eu tem noção de o caminho é sempre para frente, você não desaprende se continua fazendo, muito pelo contrário, só melhora. No meu caso a coisa começou a ser tão revolutiva que transformou meu ciclo de produção em caótico. Era simples: uma página por semana do roteiro que escrevi em 2013 para o capítulo 1, no total de 23 páginas (meu número favorito, aliás). Vendo como estava indo a história, percebi que as páginas do Tinta Fresca, sendo semanais, estavam ficando com pouco conteúdo. Iria demorar mais de um ano para que os poderes do Ícaro fossem revelados e que o negócio ficasse interessante. Foi aí que decidi jogar o capítulo 1 a partir da página 17 e todo o capítulo 2 no lixo e reescrever para que as coisas acelerassem. Inseri a personagem que iria entrar só mais para frente nas últimas páginas e resolvi voltar a trabalhar para melhorar o quadrinho.
Mas aí eu me peguei travado de novo, na criação desta personagem visualmente e perdi mais outras várias semanas pensando em sua aparência, vestimenta, gestuais, etc. A coisa estava batendo violentamente na minha cara e eu não percebia: a verdade é que não é a hora de contar essa história desta forma. Precisei pensar muito sobre isso para tomar esta decisão, afinal é a história com a qual eu tenho mais carinho dentre todas as que já passaram por esta cabeça, mas tive que perceber isso para sair do buraco.
O que fazer então? Bom, primeiro, aceitar que o que eu fiz não serve mais. Talvez até sirva de alguma forma, mas eu não posso me apegar às páginas que fiz há seis meses, um ano atrás, porque aquele já não é mais o Digo que vos escreve, é outro artista, que ficou para trás. Segundo, deixar a coisa assentar e continuar lendo mais quadrinhos e livros, fazendo outras histórias menores, voltar a publicar tirinhas semanais para não deixar a poeira entrar no site. Terceiro, quando voltar a aquela ânsia de escrever e desenhar esta história, que seja com paixão e com preparo, e nada de inventar a cara do personagem ou improvisar cenas enquanto já estou desenhando, isso só me complicou. E por fim, não desistir, porque desistir é a última opção e ela sempre vem com uma forte dose de arrependimento que não desce fácil na garganta, como em qualquer decisão difícil.
Peço desculpas aos amigos leitores que estavam esperando pelas novas páginas em breve e peço desculpas aos leitores que perdi nesse hiato. Desde que abandonei o Esboçais, eu estou em constante mudança e ainda não encontrei meu caminho definitivo. Mas prometo que as coisas vão se ajeitar. Mamu & Le Fan voltam em breve, O Pedreiro terá ótimas novidades, tenho uma história de 24 páginas muito bem encaminhada (falta pouco!) e há outras séries que preciso organizar. Tirinhas devem voltar em breve e pretendo também escrever e desenhar one-shots enquanto Tinta Fresca fica em banho-maria, esperando a hora certa para voltar ainda melhor.
Bola pra frente que o árbitro não apitou o final da partida ainda!
Até mais!
Cara, é uma pena, mas espero que um dia esta HQ volte! E, como sempre, boa sorte em quaisquer caminhos que você trilhe! Talento não te falta, mano.
Vai voltar sim, só preciso de mais bagagem artística para dar o devido tratamento à esta história que eu gosto tanto!
Em 2015 vou fazer muito quadrinho ainda, então já vou dar uma boa treinada.