Quem nunca saiu do banho sem lembrar se lavou o cabelo, ou se trancou a casa, deu comida para o cachorro, etc?
Não sou adepto de técnicas exageradas estilo PNL, que são inclusive muito refutadas, nem sou psicólogo especialista na área de sugestão de comportamento, mas tenho minhas próprias técnicas, opiniões e testes sobre como produzir projetos com constância. Vou trazer neste artigo descompromissado o que já utilizei e utilizo para manter meu próprio foco no trabalho. Claro, sei que muitos artistas são avessos à rotina. Odeiam repetição, odeiam regras, odeiam prazos.
Mas, desculpem-me esses: a minha forma de lidar com trabalho é com horários e prazos.
Aliás, gostaria de destacar que não foi uma ou duas vezes que ouvi de um artista dizendo para produzir todo dia para evoluir e provavelmente você também já ouviu. Só que também sempre temos aquele carinha lá no fundo do cérebro sussurrando “Todo dia não dá mesmo, não temos tempo, deixa quieto!”. E geralmente ele está certo, porque ocupamos nosso tempo com um monte de outras tarefas essenciais ou não. Por isso algum dia temos que juntar esse com aquele outro que fica gritando “Faça mais arte!” e colocar os dois frente a frente pra medir as forças. Você quer mesmo produzir ou só está fingindo que quer? Se quer de verdade, abra o coração, deixe de postergar tudo e vem comigo!
O prazo é seu amigo. Sério, ele é. Se você é do tipo que só produz quando está em cima do prazo ou mesmo daqueles que precisam saber pra quando algo precisa ficar pronto para sequer conseguir começar, ele está aí para ajudar. Digamos que você quer desenhar aquele roteiro de história em quadrinhos engavetado nas suas férias. Qual é a melhor abordagem para distribuir descanso, lazer e produção artística nesses dias que você pretende ficar longe do trabalho ou escola? Um belo de um cronograma bem feitinho!
[emaillocker]Pare um pouco e calcule quanto tempo você demoraria para produzir apenas uma parte. Um pedaço, seja uma página ou uma quantidade de palavras, enfim, você que sabe. Agora quanto tempo você tem para fazer todo o projeto. Por fim, quanto tempo você gostaria de ficar trabalhando nisso por dia. Não precisa ser todo dia, mas é legal ter uma meta para alguns dias. Por exemplo, agora estou produzindo minha segunda graphic novel. Sei que consigo, entre ocupações diversas e descansos, produzir o lápis de uma página ou duas a cada 4 dias. É um prazo longo, mas é um prazo realista, pois conheço como é o meu ritmo. E sei também que consigo fazer a arte-final mais rápido, terminando de 2 a 3 páginas em apenas um dia com bom rendimento. Então foquei no lápis e distribuí entregas até o final do ano, sendo que a cada 4 dias preciso ter uma página pronta. Não importa se eu trabalhe 2 horas um dia, 1 no outro e 3 no seguinte, o que importa é continuar entregando.
Uma vez que você tenha seu cronograma, você precisa se programar para começar a produzir certo horário. Eu gosto de começar às 19h30, porque é depois do jantar e do banho e é quando o dia começa a desacelerar, chegando no meu horário favorito que é às 21h desenhando sem muito sono. Você deve ter seu horário favorito também, então tente encaixá-lo no meio desse horário reservado para produção artística.
Enfim, já temos prazo, produção distribuída dentro de um cronograma e horário estipulado. Só nos falta ter empolgação pra trabalhar, certo? Essa parte é a pior, sei muito bem. Como é difícil ter que encarar a folha em branco do papel, ter que sair do marasmo, fugir da rede social, do Netflix, do videogame. Agora entra o compromisso! Você faz um acordo com você mesmo. No horário combinado, vá fazer alguma coisa que tenha a ver com seu projeto, seja desenhar, seja estudar, seja pensar. Mas como se comprometer com algo muito longo é desanimador, que tal se compromissar com apenas 25 minutinhos?
É o que propõe a técnica do Pomodoro.
Basicamente são turnos de trabalho curtos intercalados com descansos curtos. Remova todas as distrações ao seu redor, afastando redes sociais, telefone, etc. Coloque um cronômetro e marque 25 minutos. A cada ciclo deste, você ganha uma pausa de 5 minutos de lazer. E a cada 2 ciclos concluídos, ganha um descanso de 10 minutos. Ou seja, você vai aos poucos trabalhando, descansando, voltando, até que ache o suficiente. Se for um dia não muito inspirado, um ciclo ou dois talvez seja o máximo que consegue ficar. Mas num outro dia mais empolgado, quem sabe 4 ou 8? Ou até 12, somando 3 horas de trabalho? (Mas não se esqueça de fazer alongamentos e esticar as pernas, não quero ser culpado por ninguém ficar travado quando envelhecer).
Pessoalmente gosto muito desse formato. Usei bastante no ano passado e acredito que funciona bem. Quando estou disperso, volto a ele para focar novamente.
Resumindo:
- Prazo para começar e terminar;
- Cronograma distribuído para entregas;
- Constância e empenho diários;
A rotina pode ser cruel, mas ela também é muito útil! Se acostumar com produção artística então, recomendo demais. Aí, quando você terminar seu primeiro projeto, vai ver que não é tão complicado assim seguir um cronograma razoável. E já pode se comprometer com seu próximo projeto!
Dúvidas? Sugestões de tema para os textos? Comentem!
Até semana que vem!
PS: Já leu o texto da semana passada? Aqui o link!
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