A ideia genial que não é tão genial assim

Dicas / 6 de setembro de 2017 / Digo Freitas

Em qualquer evento que um artista vá, ele tem grande chance de encontrar outro que será o(a) futuro(a) maior artista do mundo.

O maior escritor, roteirista, animador, quadrinista, etc, que a humanidade ainda não conheceu! O novo Tolkien, a nova Rowling, o novo Martin…! Ele ainda não conseguiu finalizar nenhum projeto ainda, mas quando finalizar sua primeira ideia genial e imbatível…!

Pelo menos eu já ouvi essa conversa uma dezena de vezes. O que não é nada errado, aliás. Todo mundo já teve sua própria ideia genial. Às vezes a gente esquece de anotar e ela se perde no limbo da memória de curto prazo, às vezes ela se torna uma obsessão tão grande que você não consegue ter nenhuma outra ideia. Sou totalmente a favor de discutir ideias e desenvolvê-las com pessoas que tem mais experiência, o problema é quando falta na pessoa um pouco de pé no chão e paciência para ouvir que a ideia dele pode até bem boa, mas que ninguém acerta de primeira. Para um desenho bonito sair, pilhas de papel tem que ser preenchidas com desenhos feios. Para um bom livro ser lançado, muitos textos devem ser preenchidos com as palavras erradas. E nem vou falar sobre divulgação e distribuição aqui, que fazem um papel essencial no sucesso de qualquer artista, vou me ater apenas à produção artística.

[emaillocker]Quando consigo, pois muitas vezes a pessoa se empolga tanto em falar da ideia que não consegue nem esperar pelo retorno de quem conversa, costumo comentar sobre a necessidade de ler mais, estudar mais e fazer mais. Basicamente:

Consumir materiais similares e diferentes para aumentar seu leque de referências;
Estudar a teoria da área que pretende atuar para não precisar reinventar a roda;
Conhecer a carreira de outros artistas que já chegaram lá e se inspirar em seus passos;
Praticar o máximo possível para diminuir a distância até conseguir dar vida a sua ideia;
Terminar projetos que começou, nem que seja dando trajetórias mais curtas a eles;
Balancear a autocrítica (texto sobre isso em breve) e utilizá-la para evoluir e não para desistir;
Ouvir críticas de outras pessoas e absorver as que fazem sentido para esta ideia.

Só depois de seguir esses passos (não necessariamente nessa ordem) é que a chance de sucesso daquele aspirante a grande artista aumenta (lembrando que sucesso é relativo!). Pode ser até que na versão final do projeto com aquela ideia genial tenha muito pouco a ver com a inicial e o artista não pode deixar isso ser visto como algo negativo. Ideias evoluem, se fundem e se transformam, aceitar isso faz parte do processo. De outra forma, é bem possível que aquele aspirante continue a ser o único que conhece aquela ideia que para ele sempre será incrível e intangível.

Até semana que vem com mais um texto!

PS: Já leu o texto da semana passada? Aqui o link!