Eu não sei você, mas me sinto culturalmente exausto. Se a revolução que a internet prometia indicava trazer muitas mudanças, não me lembro de ninguém ter previsto o despejo de toneladas de arte e cultura nas nossas cabeças e o quão danoso ia ser para o nosso equilíbrio. O excesso de informação e seu ciclo de vida de velocidade exponencial está nos tornando mais ansiosos, mais cansados. Sempre correndo atrás da cenoura do status quo da sociedade.
– Tem Netflix? Viu a série tal? E a outra tal? Foi no cinema essa semana? Saiu o filme tal, não dá para perder! Aliás, é uma referência ao filme tal que saiu há 30 anos, parece que é um reboot ao mesmo tempo que continuação, mas precisa ver todos os 10 filmes pra entender. No universo expandido ainda tem os quadrinhos que são bem legais, principalmente a fase tal e tal…
É como aquela época da minha adolescência que para entrar no grupinho dos metaleiros você precisava conhecer as bandas do momento além das clássicas, decorar nomes de discos, músicas e dos integrantes de cada uma em cada fase. Defender os mesmos ideais e ainda sim encontrar bandas desconhecidas para mostrar o quão headbangerzão você era.
Só que isso cansa. Essa sensação de obrigatoriedade de ver tudo o que está no hype é uma grande mentira que nos enfiamos. Claro, é legal ter assunto para conversar com amigos no churrasco, discutir teorias descompromissadas e tudo mais, mas quando somos escravos da mídia e do que é mais falado, estamos nos limitando criativamente.
Proponho aqui que fujamos do hype. Você não precisa ver tudo agora, você tem a sua vida toda para ver as coisas que importam. E se não der tempo de ver tudo bem também! Um filme que é falado agora é esquecido logo que acaba, de que adianta? Quantos dos produtos midiáticos que você consumiu nos últimos anos realmente estão ainda aí conversando com seu consciente e subconsciente? Quantos ainda o emocionam quando lembra?
Isso sem falar que depois da compra de diversas outras empresas pela gigante dona camundongo mais famoso do mundo… Quando vemos os mesmos filmes, séries e quadrinhos estamos todos colocando dinheiro no mesmo bolso. E tudo sai mastigado e preparado para que você morda cada isca e espere a próxima ansiosamente. Não que seja errado gostar de naves espaciais com espadas laser ou filmes de super heróis, mas há um mundo cheio de possibilidades fora disso nas mídias e nas artes.
As coisas mais espetaculares saem de pessoas que estão olhando para onde ninguém mais está. Filmes brasileiros incríveis que ninguém viu. Quadrinhos excelentes que quase ninguém leu. Livros que todo mundo já esqueceu, mas hoje pode trazer uma nova reflexão. Consumir diferente, entender diferente, imaginar diferente, criar diferente.
Que tal tentar, pelo menos hoje, fugir do hype e ver o mundo por um outro lado?
Até a semana que vem!
PS: Já leu o texto anterior? Aqui o link!
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