Muita gente que me conhece sabe que sou econômico. Não gosto de gastar à toa e às vezes até quando preciso gastar me sinto desconfortável. Mas ser assim tem lá suas vantagens às vezes, não é? No artigo dessa semana pretendo destacar algumas formas de aumentar os lucros quando se está em um evento de quadrinhos com mesa de artista.
Tudo em um evento com artists’ alley em que você estará presente será um custo potencial: aluguel da mesa, alimentação, estadia, transporte, etc. Uma primeira aula sobre fluxo de caixa provavelmente falará para você que a fórmula básica é: LUCRO BRUTO – INVESTIMENTO = LUCRO LÍQUIDO. Ou seja, tudo o que entrou de vendas menos o que você gastou para estar ali será o valor que sobrou e foi o verdadeiro lucro. O investimento no caso dos eventos inclui, além dos itens citados neste parágrafo, o seu tempo. E o resultado da balança no final deste cálculo é o que geralmente orienta o artista a optar por ir ou não em algum evento do tipo. Eu mesmo já deixei muitas vezes de ir em um evento porque o tempo investido não compensaria o pequeno retorno. Mas isso é uma opção pessoal.
Abaixo descrevo algumas dicas baseadas em experiências minhas ou de artistas que conheço:
- Aluguel de mesa: Este valor é difícil diminuir, já que geralmente é fixo quando existe. Mas em eventos anteriores já consegui dividir um grande estande com outros colegas artistas ao invés de alugar mesas individuais e no rateio o valor ficou bastante em conta.
- Estadia: Se você já é morador da cidade do evento ou mora nas proximidades, este valor não é nem computado, mas se for de outra cidade muito distante é preciso calcular a melhor forma de hospedagem. A estadia mais barata sempre é ficar de favor na casa de um conhecido, onde a etiqueta é basicamente manter o bom senso. Já no quesito de casa alugada, assim como na mesa, é possível combinar de dividir com colegas. O AirBNB hoje é um grande serviço de aluguel temporário de espaços e geralmente tem preços excelentes para casas para várias pessoas. Outra opção é buscar hostels/albergues populares, que geralmente tem preços bastante em conta em comparação com um hotel.
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- Alimentação: Todo evento, seja de quadrinhos, de anime, de livros, de carros, ou qualquer outro tema, sempre vai ter um custo alto para alimentação. Isso porque é um serviço terceirizado e paga taxas de uso do espaço aos organizadores. A melhor forma de desviar destes custos altos é trazer a sua própria refeição. É possível por exemplo comprar ingredientes para sanduíches frios, montá-los logo cedo e trazê-los prontos na mochila para consumo durante o dia. Outra opção parecida é montar uma pequena marmita em uma vasilha plástica. Petiscos diversos como barras de cereais e biscoitos ajudam a complementar a alimentação e regular a fome no intervalo das refeições. No caso da impossibilidade de levar comida na mochila ou para quem prefere, também é interessante analisar se há restaurantes na região do evento.
- Transporte para longas distâncias: Quando o evento fica em locais muito distantes da sua morada, as opções são carro próprio, carona, avião e ônibus. A carona depende de possuir mais artistas na mesma região que possam dividir os custos de uma viagem longa de carro, assim todos economizam. Passagens de avião ultimamente estão aumentando muito e deixando de valer a pena também por causa das malas despachadas como volume único ao invés do peso total. Ficar esperto com promoções de passagem é sempre bom e um preço competitivo pode tornar sua viagem mais confortável. O ônibus tem a vantagem de não ter um limite muito específico de bagagem e ser mais barato em uma boa parte das vezes do que um voo.
- Transporte para curtas distâncias: O melhor dos mundos é estar hospedado a uma distância do evento possível de cobrir a pé, assim o custo de transporte inexiste. No caso de distâncias maiores, é possível utilizar transporte público, mas quando muitos autores vão para a mesma localidade, dividir um táxi, Uber ou algo do gênero acaba compensando muito mais. Lembrando sempre que a sua segurança vale mais que a economia, então em locais perigosos para transitar é melhor pagar mais caro e ter certeza que não corre riscos maiores, já que geralmente se está com alguma quantia em dinheiro junto.
- Tempo: Já dizia aquele personagem do Chapolim, Super Sam: “Time’s money!”. Quando você deixa de fazer outras atividades que poderiam ser lucrativas para ficar um dia ou mais em uma mesa de evento, você está acreditando que terá um retorno disso. Este retorno pode ser considerado a longo prazo ou a curto prazo, dependendo dos seus objetivos. Em eventos como o FIQ ou Bienal de Quadrinhos de Curitiba, etc, sempre existem workshops e palestras muito interessantes para autores participarem, o que pode ser também considerada uma forma de obter um retorno do seu tempo investido ali. Na CCXP existe uma série de atividades diversas que o artista também pode explorar e aproveitar da mesma forma. Claro, sem deixar de cumprir sua responsabilidade na sua própria mesa.
- Outros custos e outras formas de financiamentos: Nem tudo é previsível e podem acontecer imprevistos. Já vi artistas que tiveram itens roubados, caixa do estande surrupiado ou até mesmo o carro vandalizado no evento. Isso é uma grande exceção, mas considerar uma pequena reserva para qualquer outra situação não prevista é bom. Agora falando sobre como cobrir todos estes custos sem ter que colocar muito a mão no bolso, o artista Luciano Salles sempre divulga que vai aos eventos através de patrocínios que recebe de escolas de desenho e outras empresas. Assim não se preocupa tanto com cortar custos e ainda fica mais tranquilo com o cálculo para saber se um evento compensa ou não o investimento geral. Eu nunca testei isso nem conheço outros artistas que o façam, mas não custa pensar um pouco na possibilidade.
Uma boa forma de se informar sobre como cortar custos no geral é conversar com artistas com experiência em eventos anteriores no mesmo local, obter informações com os organizadores e moradores da região e pesquisar por conta própria. Se unir a outras pessoas com o mesmo objetivo também é uma forma de dividir custos. A balança entre conforto e economia tem seu peso para cada um, então não dá para bater o martelo de uma forma geral para todo tipo de pessoa, mas sempre dá para cortar algum luxo desnecessário. Ainda mais quando é o meu caso!
Até semana que vem!
PS: Já leu o texto anterior? Aqui o link!
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